5.3.2.Eixo 2. Conhecer as condições das escolas para o desenvolvimento integral

A fim de conhecer as condições das escolas do Bairro-escola Vila Madalena para o desenvolvimento integral de crianças e jovens, foi traçado um perfil básico das escolas do território, a partir de dados primários (questionários respondidos por alunos e diretora das escolas referências) e secundários (Censo Escolar 2011).

No Bairro-escola Vila Madalena foram encontradas 39 escolas (dezenove privadas e vinte públicas) sendo que dezesseis oferecem Educação Infantil, treze trabalham com Ensino Fundamental de oito anos e dezessete trabalham com Ensino Fundamental de nove anos – mesmo número que oferece Ensino Médio. Apenas uma escola trabalha com Ensino Médio Profissional, cinco escolas oferecem atendimento educacional especializado (para alunos com deficiência) e uma oferece atividade complementar [40], ambos não exclusivamente [41] (Tabela 120 e 121).

 

Percentual de escolas do Bairro-escola Vila Madalena que oferecem atendimento Educacional Especializado, 2011.
N %
Não oferece 34 87,2
Não exclusivamente 5 12,8
Total 39 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaborac?a?o pro?pria.

 

Percentual de escolas do Bairro-escola Vila Madalena que oferecem Atividade Complementar, 2011.
N %
Não oferece 38 97,4
Não exclusivamente 1 2,6
Total 39 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaborac?a?o pro?pria.

Este foi o único território no qual foram utilizadas duas escolas como referências para a pesquisa, sendo que uma oferece Ensino Fundamental e pertence à rede municipal, e a outra oferece Ensino Médio e faz parte da rede estadual. A primeira tem 647 alunos e a segunda tem 126.

A pesquisa “O Impacto da Infraestrutura Escolar sobre a Taxa de Distorção Idade-Série das Escolas Brasileiras de Ensino Fundamental – 1998 a 2005”, realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra a relevância dos insumos escolares (computadores, qualidade dos professores, qualidade de infraestrutura, etc.) nos resultados da educação, e confirma a importância deste levantamento dos dados relacionados aos níveis de ensino, estrutura física, corpo docente e alunos.

Na identificação dos insumos se faz necessária atenção às especificidades de cada nível de ensino ofertado pela escola, pois, além das dependências e equipamentos presentes em todas as instituições de ensino, cada faixa etária possui uma demanda específica.

É necessário verificar, por exemplo, se nas escolas com Educação Infantil existem parques infantis, banheiros adequados para crianças menores e berçários – insumos não encontrados em escolas que trabalham exclusivamente com Ensino Fundamental e/ou Médio. Já nestes ensinos, torna-se importante verificar a existência de biblioteca (ou sala de leitura), laboratório de ciências, laboratório de informática e quadra.

Das escolas de Educação Infantil encontradas no território, 81,2% contam com sanitário adequado à Educação Infantil, 56,2% possuem parque infantil, 50% têm berçário (Tabela 137).

Dependências existentes nas escolas do Bairro-escola Vila Madalena que oferecem Educação Infantil, 2011.
Cozinha Parque Infantil Berçário Sanitário adequado à Educação Infantil Sanitário adequado a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida
N % N % N % N % N %
Creche 15 93,7 9 56,2 8 50 13 81,5 5 38,4
Pré-escola 13 86,6 8 53,3 1 6,6 12 80 8 53,3

O laboratório de ciências está presente em 35,2% das escolas com Ensino Fundamental e em 58,8% das escolas de Ensino Médio. Quarenta e sete por cento das escolas de Fundamental têm biblioteca, mesmo percentual encontrado entre as escolas de Ensino Médio. Apesar de o número parecer baixo, é possível que escolas que não tenham biblioteca já tenham implantado uma sala de leitura – presentes em 50% das escolas com Ensino Médio e 47% das escolas com Fundamental do Bairro-escola Vila Madalena.

O programa Sala de leitura foi criado em 2009 pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, visando estimular a prática da leitura (para além da sala de aula) entre os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. As salas possuem acervo de livros e periódicos e são equipadas com mesas, cadeiras e computadores específicos.

Um percentual expressivo (79,5%) dos alunos que responderam ao questionário deste diagnóstico afirmou ter lido livros além dos utilizados na escola no ano da pesquisa, sendo que metade destes (51,6%) leu três ou mais livros não didáticos no último ano. Os números são significativos, se tomarmos como base que o brasileiro lê em média quatro livros por ano e apenas metade da população pode ser considerada leitora [42] (Instituto Pró-livro: 2012).

Das escolas com Fundamental, 70,5% têm quadra descoberta e 41,1% têm quadra coberta. No Ensino Médio, verificamos percentuais opostos aos do Fundamental: 70,5% têm quadra coberta, enquanto 47% têm quadra descoberta. Segundo a diretora que respondeu o questionário elaborado para este diagnóstico, a quadra é um dos espaços da escola utilizados pela comunidade externa, junto com salas de aula e de informática, biblioteca, pátio, cozinha e auditório/teatro.

Vinte e cinco escolas (64,1%) do território oferecem alimentação, sendo que 93,7% escolas de Educação Infantil possuem cozinha – este percentual é de 82,3% para o Ensino Fundamental e 82,3% para o Médio.

Os dados indicam que a maior parte das escolas do território não está, em sua totalidade, preparada para receber crianças e jovens com deficiência: na Educação Infantil, apenas 31,2% das escolas têm sanitário adequado a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida. Esse percentual é ligeiramente maior nas escolas com alunos mais velhos: 58,8% das escolas com Fundamental e 47% das escolas que contam com Ensino Médio têm esse tipo de sanitário (Tabela 138). 

Dependências existentes nas escolas do Bairro-escola Vila Madalena que oferecem Ensino Fundamental e Médio, 2011.
Cozinha Biblioteca Sala de Leitura Laboratório de Informática Laboratório de Ciências Quadra Coberta Quadra Descoberta Sanitário adequado a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida
N % N % N % N % N % N % N % N %
Fundamental de 8 anos 13 100 0 0 13 100 13 100 4 30,7 6 46,1 10 76,9 3 23
Fundamental de 9 anos 14 82,3 8 47 8 47,0 14 82,3 6 35,2 7 41,1 12 70,5 10 76,9
Médio 14 82,3 8 47 9 52,9 14 82,3 10 58,8 12 70,5 8 47 8 47

Duas escolas do território não possuem computadores; as 37 que têm este tipo de equipamento têm acesso à Internet (36 com banda larga). O número de computadores por escola varia significativamente, de um a 312 (Tabela 124). As tabelas 128 e 126 mostram a quantidade de computadores existentes nas escolas para uso administrativo e para uso dos alunos, despertando a atenção para o grande número de computadores em algumas das escolas.  82,3% das escolas com Ensino Fundamental possuem laboratório de Informática – o percentual é o mesmo para escolas com Ensino Médio.

Quantidade de computadores por escola do Bairro-escola Vila Madalena, 2011.
Quantidade de computadores N %
1 2 5,1
2 2 5,1
3 1 2,6
4 1 2,6
6 1 2,6
9 2 5,1
10 1 2,6
11 1 2,6
12 1 2,6
17 1 2,6
20 1 2,6
21 4 10,3
22 1 2,6
23 2 5,1
29 2 5,1
32 1 2,6
34 2 5,1
35 2 5,1
50 1 2,6
60 1 2,6
66 1 2,6
86 1 2,6
88 1 2,6
98 1 2,6
107 1 2,6
165 1 2,6
312 1 2,6
Não  possui computador 2 5,1
Total 39 100
Quantidade de computadores de uso administrativo nas escolas do Bairro-escola Vila Madalena, 2011.
Quantidade de computadores N %
1 4 10,3
3 3 7,7
4 6 15,4
5 3 7,7
6 4 10,3
7 2 5,1
8 1 2,6
9 2 5,1
13 1 2,6
16 2 5,1
20 2 5,1
27 1 2,6
30 1 2,6
33 1 2,6
37 1 2,6
46 1 2,6
53 1 2,6
87 1 2,6
Não possui computador 2 5,1
Total 39 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaborac?a?o pro?pria.
Quantidade de computadores para uso dos alunos nas escolas do Bairro-escola Vila Madalena, 2011.
Quantidade de computadores N %
5 3 7,7
6 1 2,6
9 1 2,6
11 1 2,6
13 1 2,6
14 2 5,1
15 3 7,7
17 1 2,6
18 1 2,6
19 1 2,6
20 2 5,1
21 3 7,7
25 2 5,1
30 1 2,6
34 1 2,6
39 1 2,6
42 1 2,6
43 1 2,6
53 1 2,6
145 1 2,6
275 1 2,6
Não possui computador para uso dos alunos 9 23,1
Total 39 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaborac?a?o pro?pria.

Os dados mostram que, apesar de a maior parte das escolas ter computador e internet, a realidade com relação à informática é bastante diversificada neste território. É também importante lembrar que, para além da existência dos computadores e da internet, é necessário refletir sobre o uso que as escolas fazem dos laboratórios de informática – reflexão que não é possível ser feita apenas com os dados quantitativos do Censo.

Apesar de 62,9% dos alunos da escola referência terem dito que utilizam a internet quando não estão na escola e 87,2% estejam nas redes sociais, apenas 7,9% disseram se informar sobre questões da escola por meio da internet, o que mostra que, apesar de as crianças e jovens estarem conectados, a escola ainda não está tão presente nestes meios de comunicação. A maior parte dos alunos (63,2%) se informa das questões da escola por meio de recados ou bilhetes, 42,1% por avisos dados em sala de aula e 34,2% em conversas boca a boca. A resposta da diretora desta escola vai ao encontro das respostas dos alunos: segundo ela, as formas de comunicação mais utilizadas com os alunos são reuniões, bilhetes e “oralmente”.

A partir da observação realizada por meio de roteiro, foram identificados na escola referência de Ensino Fundamental: biblioteca, quadra descoberta e laboratório de informática (todos com instalações adequadas). Na escola de Ensino Médio foram encontrados: quadra poliesportiva coberta e laboratório de informática. Não há laboratório de ciências em nenhum das duas escolas.

A tabela 122 mostra que o total de funcionários em cada escola variou de dez a 193 pessoas, indicando a diferença no tamanho de cada instituição. A diretora participante da pesquisa realizada neste diagnóstico considera suficiente o número de professores e funcionários da equipe de gestão (direção, vice-direção, coordenador (s), secretário/tesoureiro), mas considera parcialmente suficiente o número de funcionários de apoio (administrativo, limpeza) que estão em atividade na escola.

Total de funcionários das escolas do Bairro-escola Vila Madalena, 2011.
Quantidade de funcionários N %
10 1 2,6
11 1 2,6
13 2 5,1
18 1 2,6
21 1 2,6
24 2 5,1
26 1 2,6
28 1 2,6
29 1 2,6
33 2 5,1
35 1 2,6
39 2 5,1
43 3 7,7
45 1 2,6
48 1 2,6
52 1 2,6
55 1 2,6
59 1 2,6
61 1 2,6
65 4 10,3
67 1 2,6
79 1 2,6
124 1 2,6
131 1 2,6
133 1 2,6
138 1 2,6
152 1 2,6
156 1 2,6
179 1 2,6
193 1 2,6
Total 39 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaborac?a?o pro?pria.

Foram identificados 5.947 docentes nas escolas do Bairro-escola Vila Madalena e destes, 60,3% são mulheres [43]. Questionados sobre sua cor/raça, 69,8% dos docentes se declararam brancos, 5% se declararam pardos, 1,5% se disseram amarelos e somente 1% se declarou negros; 9,8% não declararam cor/raça (Tabela 181).

Distribuição dos docentes do Bairro-escola Vila Madalena por cor/raça, 2011
N %
Não declarada 584 9,8
Branca 4156 69,9
Preta 64 1,1
Parda 300 5,0
Amarela 90 1,5
Missing 753 12,7
Total 5947 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaboração própria.

Segundo o Censo Escolar, o total de professores na escola referência de Ensino Fundamental seria de 191, o que leva uma média de 5,5 alunos por professor, enquanto o da escola de Ensino Médio seria de 170, representando uma média de 2,2 estudantes por professor. No entanto, os dados colhidos diretamente nas secretarias das escolas mostram diferença nos números: na de Ensino Fundamental são 32 professores, sendo 14 no Fundamental I e 18 no Fundamental II e na de Ensino Médio são 21 professores efetivamente lecionando, incluindo três docentes que formam a equipe gestora.

A diferença entre os dados do Censo Escolar e os da secretaria da escola, verificada em todas as unidades escolares pesquisadas, possivelmente indica que no Censo são contabilizados inclusive os professores efetivados na escola, mas alocados em outras unidades ou outros cargos junto à Secretaria de Educação.

A diretora desta escola considera o número de professores e de funcionários da equipe de gestão (direção, vice-direção, coordenador (s), secretário/tesoureiro) suficiente, mas considera parcialmente suficiente o número de funcionários de apoio (administrativo, limpeza) que estão em atividade na escola.

Diferentemente dos docentes, os alunos das escolas localizadas neste território se dividem quase igualmente entre homens (50,4%) e mulheres (49,1%) (Tabela 202). Apenas 1,4% dos alunos apresentam alguma deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades (superdotação) e um baixo percentual de alunos (2,3%) utiliza o transporte escolar público.

Dos 20.672 alunos, 36,1% não declararam cor/raça, 50% declararam ser branco, 10,1% declararam ser pardos, apenas 2,1% se disseram pretos e 1% se declarou amarelo (Tabela 204). Em relação à nacionalidade, 98,7% dos alunos nasceram no Brasil, sendo que 90,4% nasceram no estado de São Paulo, 2,1% nasceram na Bahia e 1 % em Minas Gerais (Tabela 203 e 205).

Distribuição dos alunos do Bairro-escola Vila Madalena por cor/raça, 2011
N %
Não declarada 7473 36,2
Branca 10345 50,0
Preta 448 2,2
Parda 2101 10,2
Amarela 220 1,1
Indígena 18 0,1
Missing 67 0,3
Total 20672 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaboração própria.
Distribuição dos alunos do Bairro-escola Vila Madalena, por nacionalidade, 2011
N %
Brasileira 20409 98,7
Brasileira (nascido no exterior ou naturalizado) 14 0,1
Estrangeira 182 0,9
Missing 67 0,3
Total 20672 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaboração própria.
Distribuição dos alunos do Bairro-escola Vila Madalena por estado de nascimento, 2011
N %
AC 2 0,0
AL 63 0,3
AM 7 0,0
AP 2 0,0
BA 443 2,1
CE 111 0,5
DF 22 0,1
ES 15 0,1
GO 19 0,1
MA 38 0,2
MG 213 1,0
MS 20 0,1
MT 15 0,1
PA 23 0,1
PB 112 0,5
PE 108 0,5
PI 93 0,4
PR 105 0,5
RJ 146 0,7
RN 31 0,1
RO 1 0,0
RR 4 0,0
RS 36 0,2
SC 41 0,2
SE 29 0,1
SP 18702 90,5
TO 8 0,0
Missing 263 1,3
Total 20672 100
Distribuição dos alunos Vila Madalena por sexo, 2011
N %
Feminino 10168 49,2
Masculino 10437 50,5
Missing 67 0,3
Total 20672 100
Fonte: Censo Escolar 2011, IBGE, elaboração própria.

Dos 39 alunos que responderam a pesquisa na escola referência, 66,6% disseram praticar algum curso ou atividade fora da escola. Destes, 46,2% fazem cursos ou atividades esportivas, 30,8% fazem cursos de idiomas, 15,4% fazem atividade ou cursos de música e 23,1% fazem outro curso ou atividade não especificada.

Para além do perfil dos alunos, docentes e escolas, o diagnóstico procurou também entender a relação do aluno com a escola no território, por meio de perguntas sobre atividades extras, passeios e participação.

A diretora da escola referência afirmou que são realizadas pesquisas fora do espaço escolar, tais como estudos de meio, roteiros culturais, trilhas educativas, passeios e excursões, mas com pouca frequência. Menos da metade dos alunos (41%) desta escola costuma participar sempre de passeios promovidos pela escola e o mesmo percentual costuma participar só em alguns. Apenas 2,6% nunca participaram de nenhum passeio com a escola. Neste quesito, porém, o nível de ensino fez diferença: 48% dos alunos do Ensino Fundamental responderam que sempre participam, enquanto essa resposta foi dada por 28,6% alunos do Ensino Médio.

Dos alunos que não costumam participar sempre de passeios promovidos pela escola, 50% não acharam nenhum passeio oferecido interessante – este percentual foi de 83,3% no Ensino Médio e de 25% no Ensino Fundamental – e 42,9% responderam que a escola não havia realizado nenhum passeio durante aquele ano.

O questionário respondido pela diretora mostra a abertura e articulação da escola no território. Além de disponibilizar diversos espaços para a comunidade externa, a escola conhece e/ou utiliza espaços do entorno como o Centro Cultural Rio Verde, a sede da Federação Brasileira de Bandeirantes, os salões paroquiais das Igrejas Santa Madalena e São Miguel, praças (como a da Coruja), Biblioteca Álvaro Guerra, Aprendiz, Instituto Tomie Otake, sala de cinema, Estádio do Pacaembú , Colégio Santa Cruz, Livraria da Vila e ACM.

A escola também mantém relação com órgãos pertencentes à rede de proteção básica: Conselho Tutelar, Vara da Infância, Saúde, Centro de Acolhida Psicosocial – CAPS e Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, e faz parte de programas governamentais: Bolsa Família (federal), do Programa Nacional do Livro Didático – PNLD (estadual) e dos programas municipais Merenda Escolar, Aprendendo com Saúde e Transporte Escolar Gratuito.

Além do mais, ainda participa dos projetos Trilhas Educativas (Aprendiz), Bandeirantes (Federação Brasileira de Bandeirantes), projeto de apoio à inclusão da instituição Lugar de Vida e projeto de empreendedorismo com a organização Junior Achievement.

Os dados trazem uma reflexão sobre a oferta de passeios pela escola, tanto do ponto de vista da quantidade, quanto da qualidade. A escola tem oferecido oportunidade de passeios aos alunos? Dos passeios ofertados, quantos são interessantes e atrativos a cada faixa etária, especialmente aos jovens? Os diversos espaços do entorno citados pela escola como conhecidos tem sido utilizados como parte da proposta pedagógica?

A fim de conhecer os mecanismos que fomentam processos democráticos na escola, diretora e alunos foram questionados sobre a participação nas decisões da escola, bem como nas instâncias específicas de participação, como grêmios e conselhos.

A diretora afirmou que há um conselho escolar que se reúne mensalmente – as pautas são estabelecidas, predominantemente, pelos professores. O conselho é formado por dez pessoas (representantes dos alunos, professores, pais, funcionários de apoio e equipe da gestão escolar) eleitas – cada segmento escolheu seu representante separadamente. Existe também a Associação de Pais e Mestres (APM), também com reuniões mensais. É formada por seis pais e seis professores – cada segmento escolheu seus representantes.

O grêmio escolar é formado por alunos, que se reúnem semanalmente. Para definição dos participantes, foram organizadas chapas e todos os alunos puderam escolher aquela de sua preferência.

Apenas quatro alunos que responderam a pesquisa participam do grêmio estudantil e nove participam do conselho da escola (enquanto 21 entrevistados participam do grêmio e 22 do conselho no Fundão do Ângela e onze participam do grêmio e doze do conselho no Centro).

Apesar de o número de alunos ser menor, é importante lembrar que grêmios estudantis e conselhos escolares costumam ser pequenos em relação ao conjunto de alunos, tendo, normalmente, cerca de cinco a doze participantes. Portanto, analisar se a escola garante esse espaço e qual é a qualidade da participação, parece ser tão ou mais importante do que a quantidade de alunos que dele participam.

Todos os alunos que responderam que participam do grêmio, disseram que essa participação acontece geralmente só escutando, enquanto 33,3% dos alunos que disseram que participam do conselho afirmaram que, geralmente, participam só escutando e 66,7% falam pouco. As respostas podem indicar que nesta escola, o conselho é uma instância mais participativa que o grêmio.

A pesquisa aponta para maior participação em outros momentos e espaços: 48,7% disseram que participam na sugestão de temas de estudo ou projetos – 27,8% só escutam, 44,4% falam pouco e 27,8% falam muito. 38,5% disseram que participam na definição de regras ou decisões importantes da escola, porém mais da metade (53,3%) geralmente só escuta, enquanto 33,3% falam pouco e 13,3% falam muito. A maior parte dos jovens (87,2%) não participa de atividades artísticas na escola, e, dos que participam, 80% fala pouco.

Com o percentual expressivo de alunos que responderam que participam, porém, geralmente só escutam, cabe refletir sobre o que alunos e escolas entendem por participação, como ela se dá e qual a sua importância para este público.

O PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola referência do Bairro-escola Vila Madalena foi elaborado em Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) e Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), e descreve os valores e princípios da escola, a visão sobre o estudante, a visão do processo de ensino-aprendizagem, a expectativa de formação dos estudantes, a abordagem do conhecimento, o tipo de avaliação adotada e a metodologia de ensino.

Por fim, a pesquisa levantou que metade dos alunos se diz satisfeito (50%) e 13,2% se dizem muito satisfeito com a escola. Essa satisfação aparece também na pontuação dada pelos alunos à escola: 66,7% deram nota acima de sete – a média da escola foi 6,7.

A avaliação da diretora foi mais positiva. Para ela, a qualidade do processo de ensino e aprendizagem é boa e merece nota oito. A nota foi justificada por ser uma escola com uma gestão que ainda precisa ser aprimorada, tendo desafios em sua democratização, na flexibilização do currículo, na formação continuada dos profissionais e com a resolução de conflito. Contudo, como pontos positivos, foram citados: a boa relação com a comunidade, a oferta de oportunidades educativas no contraturno (com os programas e parcerias já citados) e o clima de confiabilidade entre todos os segmentos da comunidade escolar.