Para alcançar o seu objetivo, o diagnóstico parte de quatro eixos principais. Esses eixos compõem a espinha dorsal da metodologia do diagnóstico, ou seja, é a partir deles que foram escolhidos os dados a serem coletados, as formas de captar as informações e as fontes destes dados. A seguir são apresentados e descritos os quatro eixos, bem como os resultados trazidos pela pesquisa em cada um deles:
1. Perfil do território e as condições de vida das crianças, adolescentes e jovens
Conhecer o perfil de um território é conhecer sua dinâmica, suas particularidades, infraestrutura, e como vive sua população: suas condições de moradia, de renda, de escolaridade, saúde e perfil demográfico (mortalidade, fecundidade e migração). É também conhecer as condições de vida em relação a trabalho, lazer e cultura, formas de circulação e mobilidade, segurança e formas de apropriação do território em que as pessoas vivem, trabalham ou estudam.
Neste diagnóstico, há também a preocupação de analisar especificamente como vivem as crianças, adolescentes e jovens dos territórios. Esse conhecimento é importante por ser capaz de propiciar ações voltadas ao desenvolvimento integral (intelectual, motor, afetivo, político) destes atores, já que isso nos aproxima das particularidades e especificidades de sua presença do território.
Esse eixo tem como resultado a análise de uma série de indicadores sociais pré-existentes, bem como uma observação detalhada das ruas, calçadas, casas, prédios e demais elementos que compõem os raios definidos para cada território.
2. Conhecer e caracterizar os espaços de participação do território e seus agentes locais
Nos espaços de participação, institucionalizados ou não, os cidadãos podem, juntos, pensar a realidade em que vivem e sugerir ações que buscam transformá-la. Esses espaços podem ser fóruns, conselhos, colegiados, agremiações, comitês, coletivos, associações, assembleias, movimentos sociais ou redes que sejam reconhecidos pelos atores locais e governamentais como espaços abertos ao debate, à participação e à realização de ações conjuntas para a melhoria da realidade local.
O resultado da pesquisa em torno desse eixo é uma relação de instâncias de participação nos territórios, que traz as características gerais das instâncias, a participação efetiva de adultos, jovens e crianças, e as formas e meios de comunicação com público externo e interno. É possível que existam nos territórios outros espaços de participação, não identificados pelo diagnóstico por conta do tempo da pesquisa e época do ano realizada, no entanto, o relatório traz a lista daquelas mais conhecidas, reconhecidas e citadas pelas pessoas e instituições de referência, bem como as que possuem meios de comunicação como site e perfil em redes sociais.
3. Conhecer as condições das escolas para o desenvolvimento integral
Conhecer o perfil das escolas é um primeiro passo para identificar as condições mínimas que o território possui para propiciar o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens. Para traçar esse perfil, foram levantados dados a respeito da infraestrutura física (instalações, equipamentos, etc.) e humana (perfil da equipe escolar) das escolas.
Foram também pesquisados os fluxos de comunicação existentes na escola (escola/família, escola/alunos, etc.) e a presença de mecanismos que fomentam processos democráticos e maior relação com a comunidade, tais como grêmios estudantis, associações de pais e mestres, conselhos gestores e escolares, etc. Foram identificados ainda os usos educativos que as escolas fazem do espaço público.
O resultado da pesquisa em torno desse eixo é uma relação das escolas presentes nos territórios contendo perfil das escolas e breve caracterização de seus alunos. Para as escolas selecionadas em cada Polo, tem-se ainda os instrumentos e espaços de comunicação e participação, a forma como ela se relaciona com o entorno, formas de avaliação, entre outras informações.
4. Conhecer as condições da rede intersetorial para a promoção dos direitos humanos
É importante que haja um trabalho articulado dos atores sociais (pessoas e instituições) e políticas públicas para a promoção dos direitos humanos em um território. A articulação de uma rede intersetorial (poder público local, iniciativa privada e sociedade civil organizada) tem o potencial de desenvolver estratégias e buscar uma abordagem integrada do desenvolvimento do território.
Parte importante da rede intersetorial é formada pela rede de proteção social, ou seja, por instituições, atores e equipamentos que podem atuar de forma direta ou indireta no dia-a-dia para garantir os direitos humanos em áreas como a assistência social, crianças e adolescentes, direito à cidade, etc. É o caso das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Conselho Tutelar, Centros da Criança e do Adolescente (CCA), do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), organizações comunitárias, entre outros.
Como resultado da pesquisa em torno desse eixo, têm-se uma lista de equipamentos e serviços de educação, saúde, assistência social, segurança, cultura, comunicação, lazer e esporte, presentes no território. A lista contém as características gerais dos serviços e equipamentos: os serviços oferecidos, capacidade de atendimento, áreas de abrangência, público atendido.